Por Alexandre Santucci
Normalmente quando sugerimos um vinho logo vem à mente a famosa Cabernet Sauvignon. Uma das uvas internacionais mais plantada em todo mundo, certo? Não.
A uva mais plantada em todo mundo é a uva que tem seu nome inspirado em um pássaro similar ao nosso pássaro preto chamado na Europa de Melro. Estamos nos referindo à uva Merlot.
“A referência ao nome da uva, ligado ao pássaro Melro, tem a ver com a cor – um preto azulado – e também por que na época da colheita ela atrai uma grande quantidade de pássaros dessa espécie.”A uva Merlot, que recebe muitos nomes: merlot noir, sémillon rouge, crabulet, médoc noir, merlau, bigney rouge, vitraille, sème de La Canau, merlô, petit merle, bégney e vitraille recebe destaque na produção de vinhos em Bordeaux (França), mas costuma ter um papel de coadjuvante, - utilizada nos cortes onde a Cabernet Sauvignon prevalece - nessa região que lhe deu fama, exceção a uma pequena parcela (em Pomerol-Bordeaux) onde se produz um dos mais impressionantes vinhos do mundo, o Chateau Pétrus (feito com cerca de 95% de Merlot)e outro não menos impressionante, o Le Pin, ambos atingindo preços altíssimos por conta de sua qualidade e procura.
Outro fato curioso é que essa seja uma das uvas mais antigas em
atividade, pois segundo estudos ela já existia no Oriente Médio muitos séculos atrás.Trouxe esse tema por que a Merlot apesar de ter sua reputação em alta,
poucas vezes é vista como a estrela principal.
Produz vinhos de caráter e estilo facilmente reconhecidos por serem elegantes,
macios e delicados, com boa potencia em boca e de médio corpo, aromas de frutas
vermelhas escuras, mas talvez por ter uma Cabernet Sauvignon em seu encalço
fazendo vinhos ainda mais potentes e uma Pinot Noir fazendo vinhos ainda mais
aveludados, a Merlot ficou entre duas grandes e acabou por perder um lugar, que
ao meu ver deveria estar muito bem preenchido para o consumidor.
Essa uva, como dito acima, muito plantada em todo mundo, ganhou uma esquisita fama de vinho comum (assista ao filme Sideways, a cena é hilária...). Talvez por ser de relativo fácil manejo e também por ter uma bela flexibilidade na hora da colheita (podendo ser colhida mais cedo e também mais tarde), o que de fato não corresponde à realidade, muito pelo contrário, é justamente essa versatilidade que produz vinhos que vão desde os mais jovens e alegres até vinhos mais complexos e com bela guarda.Seu paladar exuberante ainda é associado a um valor fantástico, a saúde.
A Merlot é comprovadamente a variedade que mais concentra o resveratrol, o
polifenol responsável pela qualidade que está associada às questões coronárias,
de ajuda ao combate das predisposições de doenças ligadas ao sistema
cardiovascular.Agora, o
mais bacana para nós brasileiros é que os vinhos dessa uva são considerados por
muitos especialistas como o nosso principal vinho, nosso ícone, mais até que os
espumantes. Explica-se que o Merlot brasileiro consegue uma bela tipicidade e
em função das nossas condições climáticas, uma das melhores maturações de
tudo o que plantamos. Essa afirmação foi comprovada recentemente em uma degustação
(às cegas) realizada na Inglaterra onde oito dos dez melhores vinhos eram
brasileiros.
Sugestões:
J. Bouchon Reserva MerlotChâteau de L’Estang
Peñalolén Azul Blend
Peñalolén Cabernet Sauvignon
Anka Pargua Reserva 2008
Pargua Premium Organic 2008
Toques &Clochers Occursus Red Limoux AOC 2005
Camalaione IGT (Super Toscano) 2007
Diversão:
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